Eu não busco mais nada.
Vivo das sombras
De um rascunho jamais publicado,
Pois se o fizesse,
Se assim o trouxesse à luz,
Crucificaria a humanidade inteira
Que ainda grita dentro de mim.
Nada em mim é razoável,
Nada é em mim senão quimera.
Caixa de Pandora:
Abra-se e meu mundo sucumbe.
Sou um derrotado.
Um naufrágio antecipado,
Uma rota ao desgoverno,
Fadada a ser engolida
Pelos monstros de minhas crenças.
Quem sabe meus absolutos
Se convertam em meras crenças
E se diluam em todas
As minhas constantes e imensas
Incertezas?
Quem sabe, sem qualquer alarde,
Eu me reconstrua em escuridão
Salpicada de estrelas
E todo o Universo habite em mim?
Quem sabe o que não sei
E o que haverei de ser se faça?
Quem sabe? Eu não sei.
Trago discursos de imagens,
Poesia fétida,
Respiração frente ao espelho.
Ele se embaça
E minha imagem se perde.
Sou apenas o que sou:
Um que caminha na névoa,
Engolido por todas as certezas
E, por completo,
Sequestrado por suas ilusões.
S. Quimas