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Eu não busco mais nada

 

Constelação do Cisne.

O Cisne

 

Eu não busco mais nada.
Vivo das sombras
De um rascunho jamais publicado,
Pois se o fizesse,
Se assim o trouxesse à luz,
Crucificaria a humanidade inteira
Que ainda grita dentro de mim.
Nada em mim é razoável,
Nada é em mim senão quimera.
Caixa de Pandora:
Abra-se e meu mundo sucumbe.
Sou um derrotado.
Um naufrágio antecipado,
Uma rota ao desgoverno,
Fadada a ser engolida
Pelos monstros de minhas crenças.
Quem sabe meus absolutos
Se convertam em meras crenças
E se diluam em todas
As minhas constantes e imensas
Incertezas?
Quem sabe, sem qualquer alarde,
Eu me reconstrua em escuridão
Salpicada de estrelas
E todo o Universo habite em mim?
Quem sabe o que não sei
E o que haverei de ser se faça?
Quem sabe? Eu não sei.
Trago discursos de imagens,
Poesia fétida,
Respiração frente ao espelho.
Ele se embaça
E minha imagem se perde.
Sou apenas o que sou:
Um que caminha na névoa,
Engolido por todas as certezas
E, por completo,
Sequestrado por suas ilusões.

S. Quimas

 
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Publicado por em maio 6, 2017 em Poesia

 

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Hoje sou Khali, amanhã Vishnu

Sri Vishnu

Sri Vishnu

Hoje sou Khali,
Amanhã Vishnu.
E crio universos.
Sou a total possibilidade
De me ser assim completamente.
Digo das horas,
Das todas as névoas,
Da turvação
E de iluminados segundos.
Sou eclipse
E sol que abrasa os desertos.
Esferas que semeiam o Universo
E a escuridão que o permeia.
Sou o que sou
E, admitidamente, mais nada.
Quintessência de mim mesmo,
Jogo em minha própria vida.
A fábula e a realidade mais completa,
O vazio, a depressão, a tortura
E integralmente a felicidade.
Sou a mentira, a farsa
E a total verdade.
Sou poeta,
Alma repleta de tudo,
De tantos dizeres,
De tantos seres,
Como infindas são as humanidades.
O demônio que serpenteia
Nos mais obscuros abismos
E o anjo que voeja
Nos céus de infinitos azuis.
Sou luz e trevas…
Sou poeta.
Eu sou verso
E eterna possibilidade.

S. Quimas

 
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Publicado por em dezembro 21, 2016 em Poesia

 

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Do que adianta sonhar

Prometeu Acorrentado

Prometeu Acorrentado – Autor Desconhecido

 

Do que adianta sonhar,
Se quando desperto, a vida é mero pesadelo,
Miragem e delírio, uma ilusão atroz de mim mesmo?
Do que adianta ver,
Se a cegueira que enevoa minha visão,
Não passa do descaminho dos meus limites
E de toda curteza do meu entendimento?
Do que adianta ouvir,
Se tudo o que ouço é o grito infernal
E repetitivo de minhas súplicas,
Voz de meu desespero?
Do que adianta falar,
Se o vento de todas as tempestades de minha vida
Faz surdo tudo a minha volta?
Do que adianta?
Do que adianta se entregar,
Assim tão por completo,
Quando se entregar é atirar-se num abismo
E impensadamente, arremetê-lo sem asas?
Do que adianta ser,
Quando tudo se nega em sê-lo em si mesmo
E, de modo aviltante,
Só pesa, fere, corrói, consome e deturpa?
Do que adianta a vida,
Se a vida desfalece e murcha repentina,
Feito a flor precoce que morre aos primeiros raios de sol?
Não que a vida seja em si mesma o mal,
Não que os desprazeres sejam sua condição.
Contudo, pesa…
Do que adiantam, as muitas promessas e planos,
Se tudo isso se esvai num tropeço
E se escoa como a água que se derrama,
Assim rompida a taça?
Do que adianta?
Do que adianta amar
E digo amar de modo profundo,
Se amor é um caleidoscópio a sempre girar?
E toda a imagem de antes se transforma
E o que se tinha e o que se tem
É a toda inconstância de tudo o que se vive?
Do que adianta tudo:
O universo inteiro, Deus, o mundo,
Sem ti?
Do que adianta?

S. Quimas

 
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Publicado por em março 27, 2016 em Poesia

 

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